A estrutura das grelhas televisivas está desadequada dos ritmos sociais das crianças, conclui um estudo que a Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) apresentou ontem e a que a Lusa teve acesso.
«A primeira grande conclusão que é possível identificar, quando se analisa a programação para a infância, aponta para uma manifesta desadequação entre a estrutura das grelhas e os ritmos sociais das crianças», refere o estudo «A Televisão e as crianças - um ano de programação na RTP1, RTP2, SIC e TVI»
De acordo com a análise levada a cabo pelo Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade, da Universidade do Minho, a pedido da ERC, «quase dois terços» da programação infantil «está ancorada nas manhãs televisivas, precisamente quando a maioria das crianças se encontra a frequentar as instituições educativas».
Em contrapartida, as tardes «estão relativamente desguarnecidas» à excepção da TVI, que exibe ao final da tarde um novo episódio e uma repetição da telenovela «Morangos com Açúcar», e da RTP2.
A investigação questiona ainda a opção da RTP1, que «praticamente esvaziou as suas grelhas de programação para crianças e adolescentes», tendo em conta as disposições do contrato de concessão de serviço público.
O estudo alerta também para o vazio que existe no que diz respeito a programas informativos dirigidos a crianças, em particular na RTP. «Essa lacuna persiste desde 2002, e o actual contrato de concessão do serviço público impõe essa obrigação ao operador», salienta.
Apesar de o contrato vigorar apenas desde Março de 2008, os investigadores consideram que este «é um dos temas que devem ser escrutinados no futuro próximo da televisão pública».
Os dados analisados levaram a equipa da Universidade do Minho a concluir também que se conhece «ainda pouco e mal a programação oferecida às crianças».
«Atendendo ao estado dos nosso conhecimentos sobre a programação e os programas para crianças, torna-se necessário criar uma agenda comum de debate, que possa inspirar e envolver os diferentes parceiros com interesse e responsabilidade nesta matéria», aconselha o estudo.
O Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade da Universidade do Minho analisou a programação infantil e juvenil emitida pelos canais generalistas portugueses entre Setembro de 2007 e Outubro de 2008. A monitorização foi feita com base na análise das grelhas de programação e de materiais audimétricos e com suporte no visionamento dos programas. O estudo foi apresentado em Lisboa, no âmbito da conferência «A televisão e as crianças».
Fonte: Briefing
Comentário:
Obviamente concordo com a notícia e discordo plenamente em termos programas dirigidos às crianças nas manhão do fim-de-semana em que as apresentadores não vão propriamente vestidas para apresentá-los. São para os filhos ou para os pais?
Não dúvido do mérito da apresentadora mas acho que deviam adequar o programa ao seu público-alvo. É apenas uma opinião...